Editorial

A Sala de Situação é um exemplo para a vida

É difícil dizer que momentos de tragédia apresentam coisas boas. No entanto, é inegável que Pelotas deu um exemplo ímpar na forma como lidou com as questões envolvendo a enchente de maio. Egos foram deixados de lado e a Sala de Situação foi criada unindo cérebros e braços para prevenir que o pior acontecesse por aqui. Gente de todas as áreas necessárias, passando por cientistas, forças de segurança e políticos se uniram voluntariamente em um espaço para definir cada passo de como lidaremos com isso. Mais do que tudo, também um espetáculo democrático.

É até curioso ver que uma coisa tão simples e óbvia acaba sendo tão rara, seja na história do Município, do Estado e até do País. Há, infelizmente, poucos registros de momentos em que todo mundo deixou desavenças políticas, ideológicas, de classe, etc, de lado para trabalhar em prol de um contexto maior, que era o de evitar mortes. Viemos há não muito tempo de uma outra tragédia coletiva, em ainda maior escala, que foi a pandemia de Covid-19 e em muitos momentos, egos aflorados e desavenças de ideias afetaram a forma como o tema foi tratado, em quase todos os níveis de poder.

Um outro exemplo significativo foi que as figuras envolvidas notaram a importância da comunicação nestes contextos e deixaram portas abertas para a imprensa participar de reuniões, acionaram repórteres, não só do DP mas de outros veículos, em diversos momentos e usaram a potência dos veículos para se aproximar da população. É importante lembrar que, por mais que a gente viva em um momento de comunicação acelerada, a imprensa tradicional, com seu papel técnico, faz parte do ecossistema social como uma parte significativa para ajudar na elucidação, amplificação e compreensão dos fatos.

A expectativa fica agora para que o exemplo siga. O governo vai mudar, assim como a reitoria da UFPel - entidade essencial neste trabalho inteiro com a visão científica de toda a situação - e provavelmente outros órgãos envolvidos também tenham trocas de pessoas, algo natural no contexto democrático da esfera pública.

O que resta é o legado de que as pessoas passam, mas as instituições e as ideias ficam e o maio de 2024 em Pelotas, com o case da Sala de Situação, é o maior exemplo a ser levado em conta sobre como um trabalho coletivo, colaborativo e democrático pode salvar vidas. As águas estão recuando e ninguém morreu. Vencemos a primeira etapa. Agora, vem a segunda, que é a reconstrução. A união deve permanecer nesta nova fase.


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